Thursday, March 09, 2006

Garanto, que não me coibirei de ceder ao pranto


«[...] A faceta da obra de João Ubaldo Ribeiro que mais se conhece, e que faz parceria com a imagem unifacetada que geralmente se tem dele, está ligada a um universo pitoresco, caricato, de deboche. Tal característica faz dos seus livros autênticos herdeiros, senão os únicos, de um dos elementos essenciais do Modernismo, o eixo propriamente dito do herói modernista, Macunaíma, ou seja a capacidade de rir de si mesmo. Esse diferencial, que já sugeriu o título Viva o Povo Brasileiro, é a única coisa além de jogar futebol, que os brasileiros fazem melhor do que todos os outros. É a inspiração dos poucos momentos nos quais nos sentimos superpotência. Mas rir de si mesmo , ao contrário do que se pode imaginar, não é um dom estéril, improdutivo. Ele dá ao brasileiro a capacidade de conviver com o diferente, de fazer o compromisso através do humor, enfim , de ter "um amigo judeu e um umbandista". "Eu penso como Darcy Ribeiro, acho que somos uma bem sucedida e singular experiência de raças". Mas, em seguida alerta : "Mas queremos jogar isso fora". O alerta faz sentido, afinal : quem, nos dias de hoje, quer ficar rindo ? De si mesmo, então, pior ainda. Hoje , o que se busca é uma imagem de eficiência a todo o custo, não há brechas para a autocrítica.[...] »
Entrevista de Rogério Lacerda a João Ubaldo Ribeiro, em LER nº 42.
Parceiros da Ford Transit : Eduardo Prado Coelho (aquando da recepção de galardão, na gala do Inimigo Público, graças ao Barthesiano orgasmo vertical ) , e Marques Mendes (ao apresentar-se, numa escola básica, como aquele que aparece no contra-informação).

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